OS PRIMEIROS DENTES 2 DE 4

“Não existe melhor cura que a prevenção”

Se a importância dos dentes de leite é inquestionável, como vimos anteriormente, os cuidados a dispensar-lhes são, igualmente, importantes já que, como afirma Sandro Kretus, poeta contemporâneo porto-alegrense, “Não existe melhor cura que a prevenção”.

Convictos da justeza do poeta e de que o conhecimento gera cuidados, deixamos algumas pistas para que através da prevenção se possam evitar os prejuízos da correção.

MENINA COM BONS DENTES
  • Mamar ao meio da noite

Quanto mais cedo acabar com a mamada ao meio da noite melhor para os dentes de leite. A lactose fica por mais tempo a fermentar na boca, criando as condições ideais para o desenvolvimento de cáries. Além da produção de saliva, protetor natural contra as cáries, diminuir durante a noite facilitando o trabalho das bactérias.

  •  Mastigar é preciso

Mastigar é preciso. Por volta dos três anos as crianças já devem comer de tudo. Os alimentos que exigem maior mastigação ajudam a desenvolver os maxilares e massajam as gengivas. A mastigação colabora para o posicionamento correto dos dentes, promove a auto limpeza e na fase da dentição mista a mastigação é fundamental para a absorção da raiz dos dentes de leite e para estimular a erupção dos dentes definitivos;

  • Prudência com os doces

Chicletes, bolos, chocolate, gomas, entre demais guloseimas, estão no tope das preferências dos nossos filhotes e para mal dos nossos pecados são o número um do ranking dos alimentos que provocam mais cáries. Pretender tudo abolir é impossível mas controlar é viável.

  • É melhor comer doces uma vez  que várias vezes ao dia, assim como fazem pior doces pegajosos do que doces secos, por estes últimos ficarem menos agarrados aos dentes.
  • Refrigerantes fugir a sete pés

Para além de provocarem cáries, muitos dos refrigerantes contêm substâncias ácidas desgastando e corroendo o esmalte dos dentes. O melhor é não dar a provar para que o gosto e o hábito não se instalem.


Higiene oral sempre

 Reza o ditado que “De pequenino é que se torce o pepino” e este saber popular assenta como uma luva à higiene oral. Além do exemplo, os pais devem ocupar-se da limpeza da boca do bebé desde cedo, a começar quando ainda dorme no berço.

  • Até aos seis, sete meses a limpeza pode ser feita com uma dedeira ou com uma gaze molhada. Há uma corrente que aconselha mesmo a limpar as gengivas do bebé depois das mamadas, mesmo quando ele ainda não tem dentes, contrapõe outra não ser necessário porque as bactérias não têm como se desenvolver sem uma superfície dura onde se possam fixar.
  • Mas desde o primeiro dente acabaram-se as brincadeiras. Agora é a sério, toca a limpar e o recomendado é depois de todas as refeições. Com uma escova ou com uma gaze o importante é limpar bem todas as faces visíveis do dente, não esquecendo a língua, superfície onde as bactérias se alojam facilmente.
  • Até cerca dos seis anos a escovagem dos dentes deve ser efetuada ou completada pelos pais. Ainda bem se a criança quer ser ela própria a lavar os dentes, mas como ainda não tem o controlo motor suficiente o pai ou mãe devem dar o acabamento.
  • Após o início da fase escolar é desejável que a criança já escove os dentes sozinha e que o hábito esteja instalado de pedra e cal. Mas a supervisão nas escovagens da manhã e da noite é indispensável.Como já referimos a higiene da noite é a mais importante, durante a noite diminui a salivação e com ela a resistência às bactérias.
  • Crie um bom escovador. Um escovador persistente e meticuloso, que não deixe frincha sem escova. Conte uma história de polícias e ladrões, de escova e bactérias e assuma o papel de inspetor chefe. E ao fim de três meses, depois de tanta perseguição, dê a merecida reforma à escova.
LAVAR OS DENTES

Escova e escovar os dentes

  • A escova deve ser macia ter um tamanho adequado à boca da criança e um cabo comprido e anatómico;
  • A escova deve ser lavada, sacudida após o uso e substituídos todos os três meses;
  • A pasta dentífrica, nos primeiros anos, não deve ter flúor. A criança ainda não sabe cuspir nem bochechar acabando por engolir, ingerindo mais flúor que o recomendado;
  • Se não encontrar uma pasta sem flúor não se preocupe. Utilize apenas a escova de forma correta e será o suficiente;
  • Quando a criança já souber cuspir, geralmente por volta dos dois três anos, já pode utilizar uma pasta com uma pequena quantidade de flúor e uma quantidade idêntica ao do grão de uma ervilha;
  • A escovagem dos dentes deve durar no mínimo 2 minutos;
  • Mantenha a escova num ângulo de 45º;
  • Escove as superfícies dos dentes, inferiores e superiores, voltados para as bochechas;
  • Depois escove as superfícies internas dos dentes superiores e inferiores;
  • Em seguida escove as áreas de mastigação;
  • E por último escove a língua para eliminar as bactérias, que nela se alojam, e manter um hálito fresco.

Maus hábitos

É natural e mesmo uma necessidade para a criança chupar no dedo ou na chupeta. A sucção é um instinto natural da criança, mais acentuada para a que não é amamentada, e a criança não deve ser privada disso.

Estes movimentos são, porém, bem diferentes dos movimentos para sugar o peito materno, não favorecem da melhor forma o desenvolvimento dos músculos e dos ossos faciais prejudicando a mastigação, a deglutição e fala. Uma preocupação para pais e odontopediatras.

Hábitos que podem provocar:

  • Arcada muito estreita ou muito aberta;
  • Favorecer a mordida cruzada;
  • Alterar o formato do palato;
  • Impelir os incisivos para a frente.

Estes problemas agravam-se com a frequência dos hábitos, a intensidade e a duração podendo vir a provocar situações ortodônticas graves nos dentes permanentes.

Bebé com chupeta

Como minimizar os riscos

O uso da chupeta é preferível ao chupar no dedo. Não só pela sua forma como, também, será mais fácil controlar a sua utilização e desabituar a criança no momento necessária. O dedo está sempre à mão de semear e mesmo a dormir o bebé pode chupá-lo, enquanto a chupeta pode ser retirada pelos pais a partir do momento que adormece.

O ideal é que a criança se desabitue a partir dos dois anos, embora se a utilizar até aos três, máximo quatro anos, os eventuais problemas ortodônticos ainda possam ser corrigidos.

Entretanto e para reduzir os riscos quer de más formações quer de uma habituação profunda devemos ter em consideração:

  • A escolha de uma chupeta ortodôntica;
  • Controlar o seu uso. Não oferecer a chupeta por dá cá a quer palha;
  • Evitar que a chupeta esteja sempre à mão do bebé;
  • Se o bebé chupar no dedo tentar dar-lhe a chupeta ou dar-lhe qualquer coisa para ocupar as mãos;
  • Tirar a chupeta quando a criança adormece.

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